Demônios: 'O Bebê de Rosemary', mais do que um clássico




Já que para a primeira postagem escolhi um filme aleatoriamente, agora achei fundamental escolher algum tipo de critério. Então, a princípio o que achei mais coerente foi criar um tema da semana e comentar dois filmes (às quartas e às sextas)que tenham algum ponto em comum.

Para esta semana: O DEMÔNIO!

Eu realmente tenho certa paixão por filmes de terror. Entre meus filmes preferidos facilmente se encontram espíritos, sustos e afins. Um personagem, no entanto, apesar da sua óbvia identificação com o mal,tem aparecido pouco nos filmes de terror. Por uma razão ou por outros os espíritos - assim mesmo de uma maneira ampla e sem identidade especial - tem conseguido cair no gosto popular e parecer mais realista que a famosa figura do diabo.

Um dos filmes que mais me impressionaram nesse sentido foi, sem dúvida, O Bebê de Rosemary (1968), com Mia Farrow, John Cassavet e Ruth Gordon com direção de Roman Polanski. Visto hoje em dia ele pode até ser meio trash. Não é cheio de efeitos especiais e todas essas coisas que dominam o cinema atual. Não podendo depender da tecnologia, o filme é assustador por razões muito próprias: roteiro muito bem costurado, atuações incríveis - especialmente dos três citados acima - visual opaco, frio e pesado.

A história basicamente é sobre uma mulher recém-casada que faz amizade com seus vizinhos, mas aos poucos começa a suspeitar que eles estão envolvidos em uma seita e que seu marido está compactuando com eles. E durante o desenrolar do enredo a gente fica sem saber se ela é uma paranóica ou se, de fato, tudo que vem descobrindo faz sentido. O diabo aparece (ou não) por alguns segundos de uma maneira que eu não me recordo de já ter visto, antes ou depois do filme. Aqui não me refiro apenas à imagem dele - clássica, diga-se de passagem - mas o que ele aparece fazendo. Gosto muito do filme para estragar o final pra quem ainda não o viu.

O mais importante mesmo é que apesar de sua aparição rápida o diabo está presente em toda a história. Ninguém cita, ninguém faz referência direta a ele, mas até quem está assistindo pela primeira vez sabe o que pode estar escondido por trás dos acontecimentos bizarros.

Outro ponto assustador do filme são as pessoas em volta dos acontecimentos. A idéia de que os melhores amigos, vizinhos e marido estão mancomunados em nome de algo maquiavélico é a grande sacada da história. É onde ela te prende. Talvez seja esse, afinal, um medo escondido em todos nós: de sermos enganados com facilidade, de não podermos confiar naqueles que nos cercam e de, no final das contas, sermos obrigados a escolher entre está só ou não.

Pra começar: um arrasa quarteirão

Pensei muito sobre qual primeiro filme, dos que se vê na minha prateleira, eu escreveria. Pensei naquele que primeiro, ao que recordo, me emocionou: Império do Sol. Ainda criança chorei, odiei, até que compreendi e amei o pequeno Jim (Christian Bale). Mas vou esperar outro momento. Preciso vê-lo mais uma vez (há anos não o assisto) para saber como agora, aos 30 anos, a história me tocará.

Busquei um novo motivo e não tendo encontrado em mim nada que pessoalmente me ajudasse a escolher, achei na indústria cinematográfica (sempre ela) um filme sobre o qual escrever. Se você começou a ler esse blog ou esse post esperando um comentário sobre um clássico, um filme que os ditos "cabeças" chamam de 'arte', ou qualquer coisa do gênero, saia agora.

Meu filme do dia é MATRIX, que está completando 10 anos.

Dois avisos:
1) Se você não estava nesse planeta em 1999 e não sabe a sinopse do filme, aconselho procurar no Google. 2) Se você não deseja ler spoiller pare agora. Não tenho nenhuma vontade de suprir a limitação alheia.

Matrix foi um daqueles filmes que surpreende a todo mundo. Ninguém sabia o que esperar dele. Nem seus roteiristas - Andy Wachowski e Larry Wachowski-, nem a Warner, nem seu ator principal, Keanu Reeves. Com um orçamento de US$ 63 milhões - nada demais para os padrões americanos - o filme extrapolou as melhores previsões.

As dúvidas sobre o filme eram tantas que ninguém tinha certeza, pelo menos até o dia da estréia nas salas americanas, se haveria uma sequência. O final do filme sugere, mas não impõe isso.

Eu vi Matrix pelo menos 10 vezes no cinema. Acompanhada ou só, as perguntas em torno do filme me levaram a enfrentar as filas gigantescas quantas vezes fosse necessário. O que me encanta em Matrix é o universo criado para a obra e como os roteiristas extrapolaram tudo que era possível de ser feiro nesse outro mundo.

Veja bem. É uma ficção-científica, certo? Um bom filme desse gênero precisa dizer logo no início por quais caminhos vai se permitir andar e não extrapolar aquilo. Um exemplo péssimo de filme de Sci-Fi pra mim é AI- Inteligência Artificial (que não se vê na minha estante). Há toda uma perspectiva criada no telespectador de que o filme vai falar de AI e só. Mas de repente há extra-terrestres, misticismo e outras coisas guardadas quase que em segredo e que no final ....não se casam não se encaixam. Sabe aquela sensação de que o roteiristas e o diretor cheiraram juntos um charuto de maconha estragada e misturaram três filmes em um só? É isso que não pode acontecer. Isso não aconteceu com Matrix.

Nos primeiros 30 minutos o telespectador soube do que o filme tratava de realidade virtual, e era cheio de lutas e carregado de cultura 'nerd' e, se decidiu ficar na sala escura, ele sabia o que tava comprando. Não foi enganado. Matrix é para um público específico, mas não direcionado necessariamente. Qualquer pessoa que vai ao cinema e se permite fantasiar e imaginar dentro de um mundo proposto pelos roteiristas, - nesse grupo eu incluo-me - pode assistir Matriz sem medo, não haverá decepções, isso ficou para as sequência, que ficam para uma próxima vez .

Matrix é um grande filme de ficção-científica porque repetiu uma fórmula que, em geral, consegue dar certo. A obra pegou algumas teorias do tipo 'podiaserverdade' uniu a outras mais consistente e , acrescentou efeitos especiais (bullet time), romance e dúvidas. O mérito está, é claro, em saber dosar a coisa. Credito a esta fórmula, aliás, o sucesso de livros como 'O Código Da Vinci'(que...minhanossasenhora..sem comentários).

O ator Keanu Reeves definiu Matrix muito bem: "É sobre amor, evolução, fé, animação japonesa, estruturas místicas, perguntas, questionamentos, conhecimento, autoridade, sistemas e ordem". . Ótimo. Reeves ficou perfeito no papel. Não o acho uma grande ator, mas também não é horrível como alguns pintam. Já visualizei outros atores na pele do Neo, os que me pareceram mais convincentes: Will Smith (que recusou o papel..aff) e Christian Bale (um dos atores mais eclético dessa geração).

Voltando ao filme.

Matrix também foge, em parte, aquele padrão mundial de que apenas aos 30 minutos haverá uma reviravolta. De fato, em meia hora a história começa a se revelar propriamente dita e o telespectador começa a entender o que é a Matrix. Mesmo assim, antes disso, é impossível não grudar na cadeira com a sequência de ação apresentada nos primeiros 10 minutos.

Trinity, interesse romântico de Neo,interpretada por Carrie-Anne Moss, aparece logo de cara pulando, matando policiais, saltando de um prédio para outro e desaparecendo com um telefone público na mão. É impossível nã se desesperar: "o quê?" "não entendi nada, dá pra voltar o filme?". Ansiedade é f...

A reação é normal e, inclusive, representada na história: quando a verdade é revelada ao Neo, ele quase surta (relembre!). Tudo é muito rápido e estranho, pra ele também. Morpheus chega a dizer algo do tipo: "Eu sinto que te devo um pedido de desculpas. Existe uma regra que não livre mente uma vez que atinge uma determinada idade. É perigoso, pois a mente tem dificuldade para se deixar levar".

Essa é a sensação de quem assiste Matrix pela primeira, e talvez na segunda ou terceira. Alguém tinha que te pedir desculpas por aquela metralhada na cabeça. Só depois que os créditos sobem é que você começa, a pensar, a entender e a respirar.

Matrix é um filme fantástico que merece ser visto. Mas por favor, se for daquele tipo que diz na metade do filme "ah, essa parte é mentira", por favor, há outros títulos mais interessantes pra você e poupe meus ouvidos de ouvir uma reclamação insana dessa.

Um novo recomeço

Minha vida é marcada por recomeços. Por muito tempo vi isso como algo negativo, algo que precisava ser consertado, mas agora não.

Um novo início é motivo de diversão, de aventura. Sinto os medos, os calafrios, sinto o suspense, dedico-me a ação e esforço-me para conter o terror que existe em mim e que as vezes se manifesta. O terror de ser diferente.

É claro que esse diferente não significa melhor, nem mesmo especial,apenas diferente. Não quero o mesmo, não quero o drama de sempre. Quero meus dramas, quero minhas comédias. Não quero viver sonhos que não são meus nem desejar desejos que não me pertencem.

Se sou um caso de ficção científica, eu não sei. Mas estou aqui e assim eu serei.

Nesse meu novo recomeço, os filmes voltam a ser minha paixão. Não que exatamente eles tenham deixado de ser, mas os tenho ignorado por muito tempo, vivendo preocupações que não são minhas.

Agora quero vivê-los e quero me comprometer com eles. Assim, esse blog renasce para admirá-los, para apresentá-los e eventualmente, por quê não, para criticá-los.

Desde já, convido a quem parou para ler este primeiro post para acompanhar, se apresentar e , por quê, criticar também.

Uma postagem por semana, duas no máximo. Não vou transformar meu prazer em dever, a não ser que meu prazer queira crescer... aí eu o deixarei !!