Demônios: 'O Bebê de Rosemary', mais do que um clássico
Posted On quarta-feira, 29 de abril de 2009 at às 13:36 by Um olhar atento, por Adrica Chaves
Já que para a primeira postagem escolhi um filme aleatoriamente, agora achei fundamental escolher algum tipo de critério. Então, a princípio o que achei mais coerente foi criar um tema da semana e comentar dois filmes (às quartas e às sextas)que tenham algum ponto em comum.
Para esta semana: O DEMÔNIO!
Eu realmente tenho certa paixão por filmes de terror. Entre meus filmes preferidos facilmente se encontram espíritos, sustos e afins. Um personagem, no entanto, apesar da sua óbvia identificação com o mal,tem aparecido pouco nos filmes de terror. Por uma razão ou por outros os espíritos - assim mesmo de uma maneira ampla e sem identidade especial - tem conseguido cair no gosto popular e parecer mais realista que a famosa figura do diabo.
Um dos filmes que mais me impressionaram nesse sentido foi, sem dúvida, O Bebê de Rosemary (1968), com Mia Farrow, John Cassavet e Ruth Gordon com direção de Roman Polanski. Visto hoje em dia ele pode até ser meio trash. Não é cheio de efeitos especiais e todas essas coisas que dominam o cinema atual. Não podendo depender da tecnologia, o filme é assustador por razões muito próprias: roteiro muito bem costurado, atuações incríveis - especialmente dos três citados acima - visual opaco, frio e pesado.
A história basicamente é sobre uma mulher recém-casada que faz amizade com seus vizinhos, mas aos poucos começa a suspeitar que eles estão envolvidos em uma seita e que seu marido está compactuando com eles. E durante o desenrolar do enredo a gente fica sem saber se ela é uma paranóica ou se, de fato, tudo que vem descobrindo faz sentido. O diabo aparece (ou não) por alguns segundos de uma maneira que eu não me recordo de já ter visto, antes ou depois do filme. Aqui não me refiro apenas à imagem dele - clássica, diga-se de passagem - mas o que ele aparece fazendo. Gosto muito do filme para estragar o final pra quem ainda não o viu.
O mais importante mesmo é que apesar de sua aparição rápida o diabo está presente em toda a história. Ninguém cita, ninguém faz referência direta a ele, mas até quem está assistindo pela primeira vez sabe o que pode estar escondido por trás dos acontecimentos bizarros.
Outro ponto assustador do filme são as pessoas em volta dos acontecimentos. A idéia de que os melhores amigos, vizinhos e marido estão mancomunados em nome de algo maquiavélico é a grande sacada da história. É onde ela te prende. Talvez seja esse, afinal, um medo escondido em todos nós: de sermos enganados com facilidade, de não podermos confiar naqueles que nos cercam e de, no final das contas, sermos obrigados a escolher entre está só ou não.